Lançamentos de Setembro - Rocco
Mundo das horas finais - Ben H. Winters Mundo das horas finais é o capítulo final da trilogia pré-apocalíptica do aclamado norte americano Ben H. Winters. Com menos de duas semanas para o asteroide Maia atingir o planeta, a civilização se deteriorou e o caos está instalado. Pessoas vivem atrás de barricadas, entocadas em porões e abrigos de emergência; o dinheiro se tornou inútil e água é a moeda mais valiosa. Por todo o planeta, o mundo está se preparando para o fim.Mas o detetive Hank Palace ainda tem um último caso para resolver. Sua irmã Nico está envolvida com um grupo radical, de posse de artilharia pesada e um louco plano para salvar a humanidade. E Hank toma para si a missão de achar a irmã e descobrir mais sobre este plano. Sem grandes suprimentos e à beira da exaustão, Hank embarca em uma jornada de descobrimento por uma América destruída. De Massachusetts para Ohio, Hank passa por zoológicos abandonados, cadeias de restaurantes desertas, encontra variados personagens em diferentes graus de desespero e aceitação até chegar a uma central de polícia vazia, onde as evidências de um crime brutal mexem com seus instintos policiais. Com o tempo se esgotando, Hank segue as pistas, mas não tem certeza se está preparado para o que pode encontrar e se estas pistas têm algo a ver com Nico.
Ben Winters consegue prender os leitores com uma obra perfeita, com ritmo crescente, um forte clima opressor, um fim do mundo que paira em cada página e leva os leitores à reflexão: O quanto você iria para proteger alguém amado? Como você escolheria viver seus últimos dias na terra?
Pássaro louco, o novo livro de Rosiska Darcy de Oliveira, é uma antologia que reúne as melhores crônicas da autora, escritas ao longo dos últimos vinte anos. Elas reconstituem o pensamento de uma cronista celebrada pela crítica literária pela originalidade de seus textos, em que a erudição da ensaística se exprime na forma leve da crônica. Pássaro louco é o registro dos itinerários dessa mulher que diz ter vivido três séculos em uma vida.
Em “Infância não tem cura”, primeiro capítulo do livro, emerge a descoberta do mundo, a difícil travessia de tudo que é ainda misterioso. “Viver é um susto que começa na infância. Porque, pense bem, como é possível de repente descobrir-se vivo, dar nome às coisas desconhecidas, decorar quem é quem nesse lugar que, supostamente, é a sua casa?” No universo de um só quarteirão dá-se a travessia de tudo que é ainda misterioso, os amores silenciosos, o padre que tem seis filhos que esconde na escola paroquial, a convivência com as vizinhas turcas que ensinam o diferente, a intuição do perigo no velhinho inofensivo, o balão que sobe e em sua beleza leva o risco da destruição e ensina que “glória, gênio e inferno são feitos do mesmo fogo”. O mistério do terreno baldio onde, quando cai a noite, se esconde uma mulher. A alegria dos verões e dos carnavais. Nada disso tem cura e vai virar literatura.
Em “Arlequins e Purpurina” é o carnaval, uma das paixões da autora, que vai se revelar como “uma festa virtuosa” que sabe que “ninguém é autêntico quando fala em primeira pessoa, mas que, ao escolher sua máscara, vai se revelar”. “Há tanta sabedoria no carnaval e um silêncio estridente que ninguém ouve em meio ao burburinho das escolas que desfilam hipermodernas, dos blocos que insistem em reviver um amor que se acabou, em meio à melancolia de foliões que ainda vagam sozinhos pelas calçadas, as asas quebradas pelo cansaço, depois de um voo cego pela avenida. Ninguém ouve o silêncio do carnaval”.
“Pássaro louco”, o capítulo que dá título ao livro, fala do amor, “esse pássaro louco que ninguém sabe onde vai pousar”. Paixão, ciúme, fidelidades e infidelidades, os amores proibidos, o pássaro louco alça seu voo arriscado e pousa onde menos se espera. “A paixão reconstrói a virgindade, tem uma pureza juvenil. Paradoxalmente, é selvagem. Há nela uma força animal, um descontrole dos sentidos que passa longe da civilização e seus bons modos. É um mundo de bichos enfurecidos que rondam uns aos outros uivando para a lua.”
Com “Uma roupa de silêncio” a autora atravessa o mundo das sombras, do medo, da insônia, dos acasos incontroláveis. Estabelece então um diálogo com “O interlocutor mudo”. Rosiska não acredita em Deus e acha que “é por orgulho que aceito a aridez desse não lugar”. “Mas não me iludo, dia virá em que talvez mais velha, mais fraca ou conciliatória, ou conformada, possa me abandonar a um sentimento oceânico, a um desejo de pertencimento mais forte do que eu, uma espécie de música infinita que me ocupe inteiramente. Talvez feche os olhos. Não recusarei essa música. Nem a morfina.”
“Inventário das perdas” reconstrói os principais eventos da política internacional no século XXI, da queda das Torres Gêmeas até a crise dos refugiados, evocada na crônica Senhor Deus dos desgraçados. A indignação face aos dramas do mundo, que atravessa toda a obra de Rosiska, encontra nesse capítulo algumas de suas expressões mais pungentes.
Em “Arlequins e Purpurina” é o carnaval, uma das paixões da autora, que vai se revelar como “uma festa virtuosa” que sabe que “ninguém é autêntico quando fala em primeira pessoa, mas que, ao escolher sua máscara, vai se revelar”. “Há tanta sabedoria no carnaval e um silêncio estridente que ninguém ouve em meio ao burburinho das escolas que desfilam hipermodernas, dos blocos que insistem em reviver um amor que se acabou, em meio à melancolia de foliões que ainda vagam sozinhos pelas calçadas, as asas quebradas pelo cansaço, depois de um voo cego pela avenida. Ninguém ouve o silêncio do carnaval”.
“Pássaro louco”, o capítulo que dá título ao livro, fala do amor, “esse pássaro louco que ninguém sabe onde vai pousar”. Paixão, ciúme, fidelidades e infidelidades, os amores proibidos, o pássaro louco alça seu voo arriscado e pousa onde menos se espera. “A paixão reconstrói a virgindade, tem uma pureza juvenil. Paradoxalmente, é selvagem. Há nela uma força animal, um descontrole dos sentidos que passa longe da civilização e seus bons modos. É um mundo de bichos enfurecidos que rondam uns aos outros uivando para a lua.”
Com “Uma roupa de silêncio” a autora atravessa o mundo das sombras, do medo, da insônia, dos acasos incontroláveis. Estabelece então um diálogo com “O interlocutor mudo”. Rosiska não acredita em Deus e acha que “é por orgulho que aceito a aridez desse não lugar”. “Mas não me iludo, dia virá em que talvez mais velha, mais fraca ou conciliatória, ou conformada, possa me abandonar a um sentimento oceânico, a um desejo de pertencimento mais forte do que eu, uma espécie de música infinita que me ocupe inteiramente. Talvez feche os olhos. Não recusarei essa música. Nem a morfina.”
“Inventário das perdas” reconstrói os principais eventos da política internacional no século XXI, da queda das Torres Gêmeas até a crise dos refugiados, evocada na crônica Senhor Deus dos desgraçados. A indignação face aos dramas do mundo, que atravessa toda a obra de Rosiska, encontra nesse capítulo algumas de suas expressões mais pungentes.
Assim também as crises e as alegrias do Brasil e de sua cidade natal, o Rio de Janeiro, se espalham nas páginas dos capítulos “Pindorama” e “As cavalariças da política”, essa uma menção às cavalariças mitológicas do rei Augias para metaforizar a corrupção que grassa no país, exigindo um esforço hercúleo para ser superada.
“As coisas que não existem” – “o que seria de nós sem as coisas que não existem” – e “Família secreta” são um mergulho no universo que lhe é mais familiar, a literatura. Dessa família secreta fazem parte personagens como Emília, a Marquesa de Rabicó, de Monteiro Lobato e os grandes escritores como Marguerite Yourcenar, Clarice Lispector e García Márquez. Leitora voraz, Rosiska perdeu uma biblioteca jogada no mar por quem quis protegê-la da polícia. Celebra os livros que, “verdade das mentiras, são, admite, perigosíssimos”. “Todos os tiranos temem o imaginário porque, se conseguem pela dor e pela tortura controlar os corpos dos inimigos, a imaginação, essa transita soberana e intocável pelos territórios livres do sonho e do pensamento. A imaginação é um território liberado.”
“Pandora à solta” se insere na ponta do contemporâneo, no que ciência e tecnologia vêm produzindo de mais instigante, transformando as sociedades e as pessoas. Convencida de que “o destino não é mais o que era antes”, graças às biociências, Rosiska atravessa o “tempo dos selfies”, “a incorpórea população que habita o ciberespaço”, a medicina que faz seu caminho “de Hipócrates à hipocrisia”, as senhas que nos aprisionam, a escravidão das grifes e toda essa espantosa Utopia Virtual.
Pássaro louco “habita uma zona de fronteira onde se encontram e se entendem a narrativa ficcional, o poema em prosa e a astúcia ensaística”, escreve o acadêmico Eduardo Portella em seu prefácio ao livro.
Uma mulher sob um feitiço aguarda que um homem a desperte para a vida. O tema, recorrente em contos de fadas como “A Bela Adormecida” e “Branca de Neve”, é revisto sob uma ótica contemporânea em Eu estou aqui, de Clélie Avit. No cenário frio e asséptico de um hospital surge a paixão entre Elsa, uma montanhista em coma há cinco meses depois de cair durante uma escalada, e Thibault, que se refugia no quarto da moça, por não querer visitar o irmão, o motorista bêbado que causou a morte de duas adolescentes num acidente automobilístico.
Delicadamente composto, o romance, lançamento da coleção <3 Curti, do selo Fábrica231, mostra o envolvimento gradual entre dois personagens cuja comunicação se dá instintivamente. Enquanto Thibault pode conversar e incentivar Elsa a retomar o domínio de suas ações, a jovem ouve, percebe e sente toques em seu corpo, mas não tem como comunicar seus desejos e anseios. Os dois passam a se conhecer tanto pelo que transmitem um ao outro – Thibault em suas confidências, Elsa tentando demonstrar que corresponde a seus estímulos – quanto pelo que os amigos da montanhista comentam a respeito do rapaz ou falam a ele sobre Elsa. Junto da moça em coma, Thibault sente-se tranquilo e protegido da revolta contra o irmão, internado em estado grave no mesmo hospital. Elsa, embora cercada pela família e por amigos, se entusiasma com a ousadia de Thibault, que não se acanha em beijá-la. E quando os parentes discutem a possibilidade de desligar os aparelhos que a mantêm viva, é com ele que Elsa conta para lutar por sua própria sobrevivência.
Narrado em primeira pessoa, alternando os relatos dos dois protagonistas, Clélie Avit consegue abordar problemas universais e atuais, como eutanásia, violência no trânsito e alcoolismo. As novas famílias urbanas também se superpõem aos laços biológicos. Thibault acompanha a mãe ao hospital, mas se recusa a enfrentar a situação do irmão, à beira da morte por um desastre causado por irresponsabilidade.
Pontuando a incapacidade de Elsa comunicar-se estão diálogos que revelam a trajetória do casal apaixonado antes de se encontrarem pela primeira vez. Desiludido depois do rompimento com a última namorada, Thibault se percebe apaixonado por Elsa quando sente falta de estar próximo a ela. O amor desesperançoso, marcado por silêncios, aumenta a ponto de Thibault buscar sinais de recuperação de Elsa, embora os médicos afirmem que alterações nos batimentos cardíacos ou pequenos movimentos faciais são reflexos involuntários, sem significar o retorno da lucidez. A verdadeira saga de Elsa e Thibault na luta para construírem uma história juntos é apresentada de maneira envolvente por Clélie Avit, de forma a tornar o leitor um cúmplice desta narrativa poética e dolorosamente calcada na realidade.
Delicadamente composto, o romance, lançamento da coleção <3 Curti, do selo Fábrica231, mostra o envolvimento gradual entre dois personagens cuja comunicação se dá instintivamente. Enquanto Thibault pode conversar e incentivar Elsa a retomar o domínio de suas ações, a jovem ouve, percebe e sente toques em seu corpo, mas não tem como comunicar seus desejos e anseios. Os dois passam a se conhecer tanto pelo que transmitem um ao outro – Thibault em suas confidências, Elsa tentando demonstrar que corresponde a seus estímulos – quanto pelo que os amigos da montanhista comentam a respeito do rapaz ou falam a ele sobre Elsa. Junto da moça em coma, Thibault sente-se tranquilo e protegido da revolta contra o irmão, internado em estado grave no mesmo hospital. Elsa, embora cercada pela família e por amigos, se entusiasma com a ousadia de Thibault, que não se acanha em beijá-la. E quando os parentes discutem a possibilidade de desligar os aparelhos que a mantêm viva, é com ele que Elsa conta para lutar por sua própria sobrevivência.
Narrado em primeira pessoa, alternando os relatos dos dois protagonistas, Clélie Avit consegue abordar problemas universais e atuais, como eutanásia, violência no trânsito e alcoolismo. As novas famílias urbanas também se superpõem aos laços biológicos. Thibault acompanha a mãe ao hospital, mas se recusa a enfrentar a situação do irmão, à beira da morte por um desastre causado por irresponsabilidade.
Pontuando a incapacidade de Elsa comunicar-se estão diálogos que revelam a trajetória do casal apaixonado antes de se encontrarem pela primeira vez. Desiludido depois do rompimento com a última namorada, Thibault se percebe apaixonado por Elsa quando sente falta de estar próximo a ela. O amor desesperançoso, marcado por silêncios, aumenta a ponto de Thibault buscar sinais de recuperação de Elsa, embora os médicos afirmem que alterações nos batimentos cardíacos ou pequenos movimentos faciais são reflexos involuntários, sem significar o retorno da lucidez. A verdadeira saga de Elsa e Thibault na luta para construírem uma história juntos é apresentada de maneira envolvente por Clélie Avit, de forma a tornar o leitor um cúmplice desta narrativa poética e dolorosamente calcada na realidade.
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